Vi-os dispostos lado a lado e meio pensos. Para me certificar da sua realidade, com a ponta dos dedos indicadores, percorri-os em texturas lisas e enrugadas e empoeiradas. Estavam realmente ali, parados, meus desejos. A inércia com que os senti me aterrorizou a alma. Nunca mais me propus desorganizá-los em movimentos desqualificados, no entanto, sinceros. Não...; jamais os percorri seguro. Havia sempre um constante hesitar quando os manipulava. Eu os respeitava, é óbvio. São tantos os nomes que essa realidade-textura inventa. Acho, agora, que eu os respeitava demais. A multiplicidade das nomenclaturas que os mesmos adquiria me esfuziava e, ainda, lamentava. Quão loucas são as sensações que o contato gerado entre nós criava. Desejos, livros, prazeres, medos, razões, visões... Sempre os tive em movimentos matreiros e fugidios entre os dedos. Eu não os definia e quando a pele coçava algo deles me falava. O olho ardia. O medo envolvia. A razão, ora sentimento. Não havia fim e dentro do processo a necessidade de umas inventividades. Nomes pairavam no refluxo do fluxo que já não avançava ou seguia sua linha adiante. Doía, eu sei que doía e o código não captava, ahh, não capta.
Eu sei disso.
Eu sei disso.
Eu sei disso.
Mas, isso, disso, não importa.
O que importa?
Tudo importa. Sim, tudo importa.