Então, começamos pelo meio. Estamos sempre no meio.
A proposta de gênese é a idéia que se apresenta pelos sentidos, traduzidas em seus fluxos de afetos. Somos o corpo vibrátil que traduz e pretende criar.
O blog terá a função exclusiva de jogar ao vento os cenários inventados. O espaço dialogará com a "quentura" das calçadas de Fortaleza. Ouvirá atento às linguagens emanadas dos mais recônditos rincões. As linguagens terão estatuto de multiplicidades. Os corpos, emaranhados, constituirão rizomas que, por sua vez, estarão entranhados em tantos outros territórios. Vamos, sobretudo, cartografar. Haverá, aqui, uma geografia dos afetos. Tudo é passível de compor essa cartografia.
A empreitada inusitada, talvez, trará ao final o esboço de uma monografia que se esboça. As mãos que a fará não são objetivas. Qualquer há de contribuir. A forma da contribuição não cabe definir; uma palavra, um gesto, um sorriso, um grito, uma música, um filme, bilhetes, sotaques... Somos tantos.
Um comentário:
Meu contributo:
O Meio
Luiz Tatit
Assim era no princípio
Metáfora pura
Suspensa no ar
Assim era no princípio
Só bocas abertas
Inda balbuciantes
Querendo cantar
Por isso que sempre no início
A gente não sabe como começar
Começa porque sem começo
Sem esse pedaço não dá pra avançar
Mas fica aquele sentimento
Voltando no tempo faria outro som
Porque depois de um certo ponto
Tirando o começo até que foi bom
Por isso é melhor ter paciência
Pois todo começo começa e vai embora
O problema é saber se já foi
Ou se ainda é começo
Porque tem começo que às vezes demora
Que passa um bom tempo
Inda está no começo
Que passa mais tempo
Inda não está na hora
Tem gente que nunca sai do começo
Mas tem esperança de sair agora
Se todo começo é assim
O melhor começo é o seu fim
Um dia ainda há de chegar
Em que todos irão conquistar
Um meio pra não começar
Agora depois do começo
Já estou me sentindo
Bem mais à vontade
Talvez já esteja no meio
Ou começo do meio
Porque bem no meio
Seria a metade
É bom demais estar no meio
O meio é seguro pra gente cantar
Primeiro, acaba o bloqueio
E a te o que era feio começa a soar
Depois todo aquele receio
Partindo do meio, podia evitar
Até para as crianças nascerem
Nascendo no meio, não iam chorar
Diria, sem muito rodeio
No princípio era o meio
E o meio era bom
Depois é que veio o verbo
Um pouco mais lerdo
Que tornou tudo bem mais difícil
Criou o real, criou o fictício
Criou o natural, criou o artifício
Criou o final, criou o início
O início que agora deu nisso
Mas tudo tomou seu lugar
Depois do começo passar
E cada qual com seu canto
Por certo ainda vai encontrar
Um meio para nos alegrar
Escute-a aqui:
http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/artistas.asp?Status=DISCO&Nu_Disco=7656
;)
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